Deitado ao meu lado dormes descansado... Oiço o teu
respirar e por vezes o ressonar que há uns anos me inquietava. Dormes aqui tão
perto, junto a mim e eu sem conseguir dormir. Oiço-te e tento escutar o que o
silêncio me diz. Oiço-te como tua mulher e sorrio no meio pensamentos de
momentos meus, de momentos nossos. Dormes ao meu lado enquanto eu divago com
palavras silenciosas sobre nós, meu amor.Se te amo é porque escolhi dar-te o
meu coração... se te amo é porque permitiste isso
desde o primeiro dia em que tentaste falar comigo no refeitório e eu corei ao
tentar fugir... desde que fingiste ter algo para fazer ali. Contigo improvisei
e fiz o que nunca pensei. Continuo aqui meu amor, estou bem ao teu lado numa
vida que é nossa, mas também é minha e essa individualidade faz de mim a pessoa
que sou e a que se junta a ti no final de tudo para formar um só. Foste tu que
me ensinaste que eu sou eu, tu és tu e os dois somos nós.. Continuo aqui porque
gosto de ti, estou a ouvir-te... dás voltas na cama e respiras... o respirar a
que me acostumei. Estás ao meu lado, à distância de um pequeno toque das minhas
mãos com a tua pele macia que eu adoro. Continuo aqui porque te amo e oiço-te
respirar como se nada mais existisse.
31/08/2015
30/08/2015
#6 Facto sobre Mim
Leio sobre o assunto e vejo pais que hoje em dia não querem que os filhos usem chucha. Muitas vezes acabam por desistir porque a Chucha é definitavamente uma grande aliada. Os meus pais não tiveram que tomar essa decisão:
#6 Facto sobre Mim: Não gostava de chucha em bebé mas...
Quando nasci não gostava de chucha, a prova está na foto, eu jogava-a fora... Pelo que sei até era uma menina calminha, um anijito que não gostava de Chucha. A verdade é que os meus pais tiveram que me comprar uma quando eu tinha 2 anos e meio! É verdade, até aos dois anos e meio rejeitei a chucha, mas quando a minha irmã nasceu as coisas mudaram... tinha "concorrência" e ela usava chucha e então eu queria uma! E assim foi aos dois anos e meio tive a inha primeira chucha aceite :)
Este facto leva-me a outro facto... Lá por não ter usado chucha não significa que os meus dentes ficaram todod direitinhos, pelo contrário... o facto de não ter usado chucha levou-me ao facto da semana seguinte :)
Até para a semana...
29/08/2015
#5 Facto sobre Mim
#5 Facto sobre mim: A preguiça
Sempre tive um pouco de preguiça... com os anos acho que o trabalho e a responsabilidade me ensinaram a camuflar este estado. Mas quando me dá, dá a sério! Quando era pequena o meu pai dizia muitas vezes que eu era tão preguiçosa, tão preguiçosa que até a comer isso se via. Não me lembro de muitas situações de preguiça, mas a comer disso lembro-me... Lembro-me de todos saírem da mesa e eu ainda estar a comer (também porque era um pisco). E o "Hamburguer e o puré" onde se encaixam? Pois o meu pai dizia que até para comer, eu elegia a comida já "mastigada" como minha preferida (para eu não ter trabalho): Hamburguer com puré de batata.
O Gris aprendeu com a dona a preguiçar |
28/08/2015
Buraco negro
Não consigo achar o botão de desligar
pensamentos irrequietos, hiperativos até! Sonhar com a mente repleta de
pensamentos, envolta num turbilhão de emoções que são mais do que sentimentos
passageiros, leva-me a querer
meter um travão... Parar os meus pensamentos e deixar-me levar pela noite adentro com a mente vazia. Olho então,
olhando para dentro de mim encontro mais do que o vácuo, encontro um buraco
negro que suga mais do que as minhas entranhas, suga a própria vida. Suga para
a escuridão, a própria escuridão da minha existência. Suga a vida que vivo com
desconfiança, a vida que levo a medo... Fecho essa janela por onde espreitava,
fecho-a de rompante para não levar mais nada! Páro, respiro fundo e olho e vejo
o que restou... Olho e sorriu porque ficou o que mais precisava, ficaram as
alegrias, a confiança, ficaram algumas certezas, mas acima de tudo ficou o entendimento! Entender
mais um pouco faz de mim uma pessoa com menos confusões e incertezas... Depois
da confusão, arrumo tudo e encontro-me assim um pouco mais comigo.
27/08/2015
Grândola Vila Morena
Voltar aqui é sempre especial... seja porque motivo for. "Estar em casa" é o que sinto quando aqui venho... A primeira coisa é o estado de relaxamento e calma em que me sinto! Aqui recupero forças, descanso muito, "atulambo" completamente...
Digo sempre que "está tudo na mesma", mas olhando de perto isso não é verdade! Daqui a uns dias faz precisamente 12 anos que saí com os meus pais e a minha irmã, de carro cheio para a Universidade... Faz 12 anos que eu e o Victor nos despedimos aqui à porta e jurámos que nada mudaria, faz 12 anos que começava uma vida nova que eu nem tinha noção das voltas que ia dar e do quanto eu amar o que ia encontrar. 12 anos que pensei que ia "só" estudar economia... bem eu tentei 2 anos, depois este "só" não me chegou!
Em Grândola deixei família, alguns amigos, conhecidos e memórias... MUITAS memórias!
12 anos... não pode e não está tudo na mesma! Na minha rua, por exemplo, onde antes haviam quintais e casas térrias crescem pequenos prédios, casas de dois andares.. destroem-se quintais e pequenos terrenos que outrora foram de cultivo... Na minha rua onde as vizinhas se encontravam antes para o "jornal" da manhã, da tarde e da noite, hoje encontram-se em menor número, menos vezes e com mais dificuldade... na minha rua já não se vê o chão pintado com giz com a macaca, nem a vizinha lava o chão a resmungar - porque ela já não está entre nós... Nem ela, nem o vizinho que TODOS os dias se sentava na sua velha cadeira à porta de casa a apanhar a brisa do fim da tarde, a ver os carros a passar... Na minha rua há uma casa para venda... uma casa que eu há uns anos disse que compraria se alguma vez estivesse... Mas 12 anos se passaram...
Voltar é sempre especial... voltar e ver locais que marcaram a nossa juventude... A(s) escola (s), o campo onde fazíamos educação física... O sitio onde experimentei futebol americano e acabei à "porrada" com uma amiga... Os portões por onde passavamos às escondidas para ir comprar bolos na fábrica... o sitío onde troquei palavras de amor e onde essas palavras viraram lágrimas... Os sitios proíbidos onde passávamos as tardes a ouvir música e a fumar cigarros... Os locais onde tinhamos conversas parvas, conversas sérias, conversas e muitas acções que fizeram-me aprender, crescer, distinguir o certo do errado, conhecer pessoas, ligar-me e desligar-me de outras, fazer opções, experimentar, aceitar e rejeitar... sobretudo locais onde criei incríveis memórias, vivi e cresci :)
12 anos e não está tudo na mesma... As pessoas estão mais velhas, eu estou mais velha! Onde antes conhecia toda a gente, passo e pouco reconheço... Rapazes que eram autênticos "pães" para mim quando andava na escola básica e eles na secundária, hoje são homens. Uns desinteressantes, gordos, barbudos outros continuam giros. Pessoas que me ajudaram a crescer e fizeram parte da minha vida de uma forma tão importante que nem sonham, estão tristes, viúvas ... Apeteceu-me abraçar uma em especial anteontem e dizer-lhe "Obrigada" por ter sido a melhor professora do mundo... Só na Universidade reconheci o que na escola primária ela tinha feito e como tinha feito.... Apeteceu-me ir abraçá-la, mas não a encontrei depois de estacionar... Pessoas que foram "grandes amores" de criança e que nos fazem pensar como a vida muda, como a vida nos muda. Pessoas que foram muito especiais e ainda o são, independentemente do tempo, da distância, fazem-nos acreditar na verdadeira amizade, porque quando estamos juntas tudo retoma do ponto de onde parou!
Voltar é relembrar quem sou e de onde vim. Sempre digo que não me identifico com lugar nenhum, não sei de onde sou exactamente, mas a verdade é que há sitios que e fazem bem e este é um deles.
26/08/2015
Não me ignores
O teu silêncio são palavras devastadoras no meu
pensamento. A tua inércia são facas a trespassar o meu corpo. Nao peço muito,
só te peço um minuto. Não te quero para mim, quero-te apenas. Nao te quero
falar, quero que me fales. Não quero uma declaração de amor, quero apenas uma
palavra para rasgar um sorriso. Não quero planos, quero apenas improvisos e
impulsos. Não quero ser eu, quero que sejas tu. Não me ignores, mostra-me que
estás do outro lado, mostra apenas que eu também existo, que sabes que estou
aqui.
25/08/2015
MicroConto
Ela vivia tão bem na sua bolha, um dia passou alguém que a
rebentou... Hoje ela é feliz.
Aurora Coelho
O meu primeiro micro-conto
16 de Julho de 2015
24/08/2015
Beijo que arde
Quando me envolves nos teus beijos, fecho os olhos e
deixo-me levar... Tudo parece tão simples, tudo passa a estar certo e esqueço o
tão errado que deveria ser... Os nossos corpos unem-se numa só carne, envoltos
numa chama ardente que não queima mas aquece. Nasce dentro de mim primeiro um
formigueiro, depois um arrepio que cresce... cresce e cresce percorrendo todo o
meu corpo. É fogo o que sinto, é desejo... É desejo de te ter mais e mais outra
vez... Toda a vez que me possuis esqueço tudo em meu redor, vivo o momento aqui
e agora... Esqueço-me de quem sou, quem somos... vivo e transgrido as regras do
prazer.. Fico fora de mim e por vezes não quero voltar. Fujo para bem longe...
23/08/2015
#4 Facto sobre mim
#4 Facto sobre mim: Eu uso óculos (e estou sempre a perdê-los)
Ou deveria usar... Há muitos anos atrás fui a uma consulta no oftalmologista e foi-me recomendado usar óculos... Tenho um bocado de estigmatismo (mesmo pouco) e de um dos olhos uma quantidade ridícula de miopia... Basicamente eu vejo as coisas um bocado desfocadas e letras ou fundos fluorescentes são para mim difíceis de ler...ah ou quando escrevem num quadro branco a vermelho então...
Os óculos deveriam ser para:
- Conduzir (conto pelos dedos de uma mão a quantidade de vez que me lembrei disso);
- Para ler (Só me lembro quando estou mesmo muito cansada, por exemplo durante a dissertação de mestrado);
- Para ver televisão, jogar computador;
- Para o cinema! )Esta é a única vez que me "lembro" deles porque quando começa o filme digo sempre "Devia ter trazido os óculos!")
É eu (deveria usar) uso óculos e estes são os segundos que tenho porque os primeiro os perdi! Eles às vezes parece que andam a jogar às escondidas comigo! Durante estes... sei lá 15/16/17 anos, já perdi os óculos montes de vezes, já estive tempos infindáveis sem saber onde estavam mas eles acabam sempre, sempre por aparecer (excepto uma vez... uma logo nos primeiros anos, que nunca mais os encontrei e os meus pais tiveram que me comprar os que estão na foto)... Comentários? Uma vez num seminário um professor que parecei mais intelectual assim... Pode ser mas não me habituo...
22/08/2015
#3 facto sobre mim
Hoje a minha (única) irmã faz 27 aninhos :) Como o tempo passa... Então hoje #facto sobre mim está (novamente) relacionado com ela e com as coisas que eu lhe fiz...
Durante toda a minha vida, principalmente em crianças, mas não só, fiz muitas coisas à minha irmã... Acho que o mais constante foi contar-lhe coisas que não eram verdade. Quando ela era pequena gostava muito de mim (ainda gosta hein) mas esse amor fazia ter por mim uma adoração de irmã mais velha, onde tudo o que eu dizia era "A VERDADE"... acontece que eu me aproveitava desse facto para lhe pregar mentiras ou simplesmente a confundir, como a (minha) mais clássica e que funcionou durante MUITO tempo: Quantos narizes tens? É verdade, a brincadeira era sobre narinas e narizes, se ela dizia 1 nariz e duas narinas eu dizia que estava errado, ou vice versa... ou seja ela nunca estava correcta :) Entre outras coisas... outras coisas como histórias que inventava que deviam ser tão crediveis que ela não suspeitava até eu me esqwuecia de depois "repor"a verdade... muitas vezes só o fazia quando ela em conversa com os meus pais dizia algo como "olha sabes o que aconteceu À Aurora?" ou "Sabiam que...." e eu rápidamente me ria e lhe dizia "Calma isso era mentira"... E isto durou anos... acho que ainda hoje acontece um pouco...
Eu nunca fui muito de violência, mas a nível psicológico fazia "jogos" com ela, ela acreditava e eu divertia-me ou então... fazia-lhe partidas, como por sal no leite dela, entre outros. Havia tanta coisa a escrever sobre este tema... mas isto leva-me ao facto de hoje, o meu terceiro facto:
#3 facto: Eu atirei a minha irmã do berço abaixo quando ela nasceu...
É verdade... como que numa tradição familiar (a minha tia fez o mesmo com o meu pai), quando o meu pai me levou ao hospital a visitar a minha mãe e irmã recém nascida, colocou-me aos pés da cama da minha mãe, ao pé do berço.... Eu sempre fui muito curiosa e com 2 anos e 5 meses já o era pelos visto, assim debrucei-me e agarrei-me ao berço para ver quem seria aquela pequena criatura que iria tirar o meu título de "filha única" e me colocaria o importante título de "irmã mais velha" (o a melhor irmã do mundo!). O que acontece é que ao agarrar no berço o deixei cair no chão... Pois mas a questão está onde é que uma criança de 2 anos tem forças para atirar um berço abaixo? O berço em questão só tinha 3 pernas e eu tadita nem me apercebi do que fiz. Tudo acabou por correr bem, e eu tenho uma história para contar... quem sabe se um dia um filho meu não continuará a tradição?
Happy Bday Cassula!
21/08/2015
Só vi uma vez
Este já é bem velhinho:
"Um dia acordei,
acordei para a vida!
Vi um sonho, um
sonho azul.
Seria um sonho?
Não,era o céu! Azul como...como o mais puro dos azuis. Como não poderia ser
puro? Lá habita o mais puro dos seres.
Nem sei se se chamará ser, apenas que é Deus.
Naquele dia tive a mais bela das visões. Vi os
anjos lá no alto a sorrirem e a acenarem-me. Tinham um sorriso puro e divino.
Nunca mais tive
esta ou qualquer outra visão, pois fiquei cega!
Dizem que sou
cega desde que nasci. Mas eu só eu sei que já vi, e vi o que poucos vêem
durante toda a vida.
O céu mostrou-me
a mais bela das visões.
MORRI! Morri por
ter passado a minha curta vida sem voltar a olhar o céu.
A minha vida foi
curta. Muitíssimo curta, ou talvez não, agora sou eu a bela visão. Sou o céu, o
azul, e em mim habitam os anjos que acenam e sorriem a muita gente pura, boa e
que só verá uma vez..."
20/08/2015
(IN)Certezas
São momentos de grandes incertezas, são
momentos em que caminhos se cruzam e não sei por onde seguir... Espreito pela
janela da incerteza, lá dentro encontro um amontoado de caixas atiradas
aleatoriamente. Espreito e volto a fechar, não quero escolher e arrumar tudo
sozinha. Não pedi nada disto, mas foi-me dado... Sigo caminhando a medo, sigo
vagueando na desconfiança do que está na esquina, sigo… Sigo e nunca paro! Sigo
com dificuldade em andar, com falta de ar, com pesos nas pernas, com lodo à
minha volta, com correntes nos braços, com vendas nos olhos... Escolho o meu
destino, o meu caminho... então num labirinto, sigo a medo. Sigo na esperança
de encontrar o pote de ouro no final do arco-íris, sigo mas sigo desconfiada.
Não consigo erguer a cabeça, uma fraqueza toma conta de mim enquanto a noite
cai... Não descanso com medo de parar e ser engolida por um enorme tornado.
Atrás de mim oiço passos, sinto olhares... Nesta caminhada respiro bem devagar
para poupar o fôlego, ando com uma passada calculada... São momentos de (in)certezas...
São pontos de viragem que nos fazem desejar ter uma bola de cristal, são
momentos que nos fazem desejar ser outra pessoa, são momentos em que desejamos
estar noutro lugar.... A noite está escura sem uma única estrela no céu, o calor
não se deixou vencer e continua infernal e eu? Eu aqui contínuo desbravando
mato e a desejar estar numa praia qualquer ou no campo a apreciar o canto dos
pássaros, colocando as ideias no lugar. Estou cansada... Queria apenas ter um
mapa, saber a solução deste jogo e seguir em piloto automático... Queria ter
uma máquina do tempo que me fizesse voltar aos tempos em que andava com os
joelhos esfolados... Ninguém avisou que ia ser tão difícil, ninguém disse que
teria vontade de chorar tantas vezes e de desistir outras tantas... Só me resta
continuar e nesta (in)certeza encontrar uma borracha, uma caneta que apague,
que risque o "in" transformando estas certezas em felicidade,
em cabeça erguida, em olhos bem levantados e sorrisos confiantes… e por isso
sigo caminhando!
19/08/2015
Na minha rua há um cão...
Tem olhos brancos como o meu "Cão", é rafeiro como a minha "Canela" e não tem medo de alturas como os meus gatos "Gris" e "Tintas"... Todos os dias lá está ele em cima daquele telhado, não ladra, só observa quem passa... observa-me a mim enquanto eu o observo... observamo-nos os dois. Eu não sei o que ele pensa... na minha rua há um cão que não tem medo de alturas... ao contrário de mim! Este cão é destemido, corajoso e sossegado. Na minha rua há um cão que me intriga e surpreende.
18/08/2015
Espelho meu
Crédito: Elena Kallis |
Hoje choro, choro por
chorar as perdas da vida, choro porque nesta escuridão é o que me apetece.
Choro simplesmente porque sim… porque tenho impurezas dentro de mim e quero
exorcizá-las. Já de noite desejo olhar ao espelho e procurar-me, quero apenas
encontrar-me... Perdi-me! Meu Deus como me perdi! Como perdi o que outrora tive
em demasia. Choro por esta perda inconsciente. Olho ao espelho e busco por quem
já fui, por traços mais suaves... Busco parecenças com aquela doce criança de
antigamente... Olho ao espelho e mal reconheço quem sou... Choro por chorar,
não por ser infeliz, mas por sentir um estado de infelicidade, impaciência e
inquietude em mim... Procuro por mim a cada esquina, a cada pensamento... Na
verdade não me arrependo de nada, o passado moldou a pessoa que sou hoje, e o
que faço hoje fará de mim a mulher de amanhã. Mas mesmo assim procuro por mim,
olho ao espelho na esperança do reflexo escapar de mim, sorrir-me e dizer-me
que tudo vai ficar bem! Na esperança que voltarei, que estarei
"comigo" em breve... Choro e olho ao espelho e num sobressalto solto
um grito! Desapareceu, fugiu! O reflexo não está mais lá!! Fiquei sozinha, também
a minha imagem num desespero desassossegado se desapegou de mim se escondeu... Choro
em prantos, pego nas lágrimas e transformo-as no elixir da minha pessoa, pego
nas forças que tenho e ergo-me, transformo-me, reinvento-me... Espelho meu,
espelho meu alguma vez reencontrarei o meu "eu"?
17/08/2015
Escrevo e risco
Escrevo e risco... Ideias pequenas a espera de
uma luz que faça "correr" mais tinta, do que umas meras duas ou três
linhas. Escrevo e volto a riscar , deixo ideias pendentes, inacabadas a espera
de melhores palavras... Dou por mim com as pernas esticadas na parede branca e com a
cabeça para baixo... como eu sempre adorei isto.... Não me dá ideias, mas dá-me
uma sensação de loucura saudável, de criança fechada que se soltou por uns
minutos. Num pulo salto e rasgo esta inércia e saio para a rua... Vou daqui
para fora a gritar como uma louca, danço descalça pela calçada , dou
saltos como uma criança livre e sem medo do que a sociedade possa pensar...
Quando foi que me deixei prender por o que eles pensam? Chamam de amadurecer, eu chamo de ficar podre e preso a imagens... Onde ficou a inocência? Onde ficou a expontaneadade? Apoio a liberdade, apoio os loucos que respiram e gritam as suas loucuras... Assim vou deixando ideias soltas pela rua e não no meu pequeno bloco de notas... Deixo-as lá prontas para que alguém as agarre bem e possa com elas escrever e reinventar esta mente confusa... Deixo-as para outros porque hoje, hoje não estou para palavras...
Quando foi que me deixei prender por o que eles pensam? Chamam de amadurecer, eu chamo de ficar podre e preso a imagens... Onde ficou a inocência? Onde ficou a expontaneadade? Apoio a liberdade, apoio os loucos que respiram e gritam as suas loucuras... Assim vou deixando ideias soltas pela rua e não no meu pequeno bloco de notas... Deixo-as lá prontas para que alguém as agarre bem e possa com elas escrever e reinventar esta mente confusa... Deixo-as para outros porque hoje, hoje não estou para palavras...
Aurora
Agosto 2015
16/08/2015
#2 facto sobre mim
#2 facto: Eu parti a cabeça da minha irmã e ela a minha!
1º Eu parti (inocentemente) a cabeça da minha irmã, ok?
Era de noite e estávamos a brincar no sofá enquanto viamos televisão. Por cima do sofá da nossa casa havia uma prateleira que tinha em cima um grande copo pesado daqueles antigos de Wisky e lá dentro havia uma batata... os meus pais estavam a fazer uma espécie de trepadeira com ela... já estava bem grandinha... Pronto já estão a ver o filme, salta e que salta no sofá, chateia a irmã para aqui e para ali (eu é que chateava pelos vistos....) e o copo deve ter começado a andar e desandar... Mas não sei como nós acalmámos... deitámo-nos cada uma na sua ponta do sofá e a minha irmã ficou na ponto por baixo da batata dentro do copo pesado... Pimba em cheio na cabeça ! E assim, até hoje eu sou tida como culpada
Mas não satisfeita com isso, anos mais tarde.....
2º a minha irmã partiu-me a cabeça.
Era o aniversário da minha irmã, a família estava em peso no andar de baixo e nós estávamos no sotão (quarto) com amigas. Eu estou encostada a um grande guarda-fato que lá dentro tem a roupa da minha irmã... na porta do guarda fato alguém (o meu pai talvez) colocou um grande espelho (do tamanho da porta... dava para ver todo o corpo, lindo!) a minha irmã estava no lado oposto ao meu.... Todas sentaditas a falar e vou eu com a minha mãozita e abro a porta do guarda fato (sem me lembrar que estava ali pessoas estranhas à desarrumação dentro do guarda fato da minha cassula) heis que não a minha irmã muito rapidamente com o seu pé fecha (semi-fecha) o guarda fato com forçaaaa... Sim foi tão rapidamente e com tanta força que conseguiu descolar (calmamente) o espelho da porta... A porta não fechava por completo e lentamente... lentamente o espelho deslizou de lado... Sim de lado (até hoje penso que me podia ter rachado a cabeça ao meio... como no filme de terror "13 fantasmas") e partiu-me a cabeça!
A verdade é que a minha irmã levou uma catrefada de ponto e eu só levei um! Mas eu tinha assistência e descer as escadas com a familia toda a olhar para mim a escorrer sangue pela cabeça abaixo não tem piada... Só me lembro de dizer antes de aparecer "Olhem eu estou a deitar sangue, mas calma que não é nada e eu estou bem"... mais tarde disse "façam o que quiserem mas eu não quero levar pontos"... levei 1 (sorte)
E assim foi, o amor de irmãs deu nisto... Há mais, há muito mais... principalmente da minha parte com ele, tadinha ela amava-me tanto e eu era cruel MUAHAHAHAHAH !
Para a próxima semana há mais....
15/08/2015
#1 facto sobre mim
O meu #1 facto é: Na escola primária ganhei um borrego vivo...
Verdade! Não sou uma pessoa com uma sorte constante ao jogo nem nada... tenho picos muito rápidos... Ao contrário da minha avó materna que tinha uma sorte! Uma vez numa viagem encontrou exactamente o dinheiro que precisava para pagar o quarto que tinha alugado :) Estas sortes não tenho eu. Mas voltando a mim... Quando andava na escola primária (há 20 anos) houve uma venda de rifas, para o quê não me lembro (!) e a minha mãe comprou-me uma rifa (quem resistia a rifas nessa altura?)... e eu ganhei! É verdade ganhei e qual não foi o espanto dos meus pais quando disseram que era um borrego... VIVO! Pois o pobre animal estava preso atrás da escola, mesmo por detrás da cantina (onde supostamente eu não deveria andar, mas passava lá grande parte dos meus intervalos...) preso a um pilar e eu cheguei a ir brincar com ele (estou a pensar numa piada mas não a vou escrever).. sabendo eu que ele ia ser morto para ir directamente para a grande arca frigorifica que os meus pais tinham e durante algum tempo houve borrego ao almoço, ao jantar, à ceia... Se fosse hoje teria sido diferente... mas eu ganhei um borrego na escola primária.
14/08/2015
#50+ factos sobre mim
No outro dia andava a vaguear no Youtube e de "vídeo em vídeo" descobri alguns vídeos de pessoas que falavam sobre "50 factos" sobre elas próprias, eu sinceramente pensei logo que nunca conseguiria fazer uma lista com 50 factos sobre mim sobre coisas que poucas pessoas soubessem e que fossem "narráveis". Eis que me desafiei a escrever "50 factos sobre mim", à noite num pequeno caderno de notas (Isso podia ser um facto: Eu adoro cadernos e caderninhos de apontamentos - não está na lista!)... qual não foi a minha surpresa quando consegui não só os 50, mas mais... e ao longo destes dias vou-me apercebendo de pequenas coisas sobre mim! Então assim resolvi criar os posts sobre coisas sobre mim, mas só aos fins de semana :) Amanhã sairá o primeiro :) Espero que gostem... até amanhã
13/08/2015
Queria poder, mas não posso
Queria poder, mas não posso.... Quando o verbo é precedido pelo
"não" tudo muda e com ele muda o destino e a vontade de fazer
diferente. Só são dois se a sua conta for a mesma, se o sinal de somar estiver
entre os dois... Se não são somas de duas partes diferentes e... Queria poder, mas não posso... Grito em silêncio, baixinho, para dentro, mas grito e
derramo uma lágrima de desespero. Queria poder, mas não posso... Grito até me
faltar o ar e não conseguir respirar... Tudo em silêncio para não acordar
ninguém. Queria poder, mas não posso. Nem sei bem o que quereria mudar, o
que poderia fazer se pudesse... Apenas o facto de não poder vira numa vontade
de querer! Queria poder, mas não posso. Pelo meu rosto passa uma brisa, a
lágrima que deito não se vê, só eu a sinto... Mas sinto com tanta força
que choro, tudo numa triste surdina... Queria poder, mas não posso. Abre-se uma
ferida que só é tocada por mim... Abre-se uma ferida disfarçada por um sorriso
vivido e treinado por muito tempo. Queria poder, mas não posso! E não posso... E
fui eu fiz isto assim, fui eu que deixei... A culpa é minha e agora
queria poder, mas não posso. Fui eu e so eu que permiti, fui eu só eu que me
deixei levar. Fui eu que não me segurei o suficiente e me deixei ir. Agora
queria poder, mas não posso. Queria porque sou mimada e sempre quero o que quero,
porque quero... e agora tenho um muro a minha frente e não posso voltar
atrás... Queria poder, mas não posso. Ele bate com força, quebra barreiras e tira-me o ar,
quase que salta do meu corpo para fora com o querer que não é poder. Sozinha
caminho, não quero ninguém , não posso ter companhia porque queria poder, mas
não posso e falar é proibido. Desculpa, queria poder, mas não posso... abro a
boca mas a voz não sai... Não posso, não posso... E vou na estrada das
metáforas e encontro um pensamento e... acelara-me o coração. Queria poder, mas não posso e a velocidade com
que passa no meu córtex cerebral é assustadora e revela-se apenas para mim... Queria poder, mas não posso... Um
pensamento passa e ninguém o consegue ver, mas as acções são o que nos definem e
o que definem pensamentos... Quase que quebro, mas não posso! Talvez se eu
fizer uma acção contrária ao meu pensamento possa assim matá-lo.. Mas Não!!
Queria poder, mas não posso. Não consigo porque a velocidade é estonteante...
Acelara-me o coração e quebra-me o pensamento que eu não quero mais... Quero esquecer,
quero reviver e reinventar o passado que teima em estar presente e moldar o meu
futuro... Quero ser eu. Quero gritar e sentir de verdade. Queria poder, mas não
posso e isso revolta-me e esta raiva toma conta de mim e dos meus olhos ao
ponto de se fecharem... Queria poder mas não posso. Faltam-me as forças nas
pernas... Não quero que me levantem... Simplesmente não... Quero ficar deitada
a chorar lágrimas silenciosas... Mas queria poder, mas não posso!!! Faltam-me
as forças, deixo-me cair e fico ali num canto... Deixo-me estar encostada na
esquina a sarar a ferida disfarçada pelo sorriso... Queria poder, mas não
posso. Faltam-me as forças e não seguro a cadeira e caio ainda mais, deixem-me
cair e ficar naquele buraco, talvez ali tenha uma solução para o meu querer
...mesmo sem ver, sem ar, sem forças nas pernas, sem poder um querer tão
grande.. Talvez ali peça um desejo, talvez venha uma amnésia selectiva
que me faça esquecer e finalmente já não queira mais... Não quero querer com
esta força.... Não quero mais, já chega. Só quero poder dizer: Posso mas não
quero!!
Aurora Coelho
12/08/2015
Noite de nevoeiro
(Alemanha_2011) |
(inacabado...talvez
até para sempre)
Está neblina lá fora, penso: deveria ficar aqui
dentro junto à lareira, neste meu canto seguro e quente! Está neblina lá fora e
eu levantou-me deixando a manta, que me cobria, para trás, levanto-me e olho
pela janela... O nevoeiro vai crescendo e engrossando... Sinto uma vontade
estúpida de sair e explorar esta minha nova morada, praticamente deserta... Lá
fora está cada vez mais cinzento e o silêncio que oiço encanta-me. A
impulsividade que tenho em mim... Essa pessoa que age antes de pensar grita cá
dentro... e eu? Eu simplesmente pego num casaco pelas mãps e saio de pijama
para o meio do nevoeiro que agora me parece bem mais cinzento. Não me
arrependo, fecho os olhos e inspiro bem fundo! Sinto os meus pulmões a
encherem-se do mais puro oxigénio que já respirei. Com um passo de cada vez,
com passos firmes, vou sem rumo. Não me adianta olhar para trás porque a minha
pequena cabana é invisível no meio deste nevoeiro. Vou sem rumo, sem correr,
sem pressa e sem medos... Estou consciente da minha decisão e inconsciente
sobre o que me espera. Vou sem rumo pelo caminho que nunca percorri. Vou à
descoberta, vou explorar no dia em que o nevoeiro cresce como uma praga
incontrolável. Passo a passo o meu corpo dá sinais de frio. Se os meus braços
não estivessem cobertos e os meus olhos conseguissem ver, aposto que todos os
meus pêlos do braço estariam eriçados! Mas mesmo assim vou em frente...
Aurora Coelho
Agosto 2015
11/08/2015
(Re) Começando...
Este é oficialmente o meu primeiro post do meu segundo Blog...
Recomecei a escrever e algo me fez querer partilhar os meus rabiscos. Reencontrei também algumas coisas escritas por mim há muitos anos... escrevo e rescrevo pensamentos meus sobre mim mas não só. Não são rabiscos particularmente sobre a minha vida, são os meus rabiscos...
Hoje, agora deixo um escrito há uns 15 anos (já anteriormente partilhado no Facebook).
Recomecei a escrever e algo me fez querer partilhar os meus rabiscos. Reencontrei também algumas coisas escritas por mim há muitos anos... escrevo e rescrevo pensamentos meus sobre mim mas não só. Não são rabiscos particularmente sobre a minha vida, são os meus rabiscos...
Hoje, agora deixo um escrito há uns 15 anos (já anteriormente partilhado no Facebook).
"O dia e a noite
Uma vida vinha do interior!
Uma alma escondia-se no meio da escuridão da noite, no meio de tudo! No meio de
nada!
Apenas uma alma gritava que queria sair. Era o dia, era o dia a dizer que a
noite já bastava, que o dia tardava.
Apenas uma voz se ouvia! Uma voz luminosa que produzia um som, um som que não
se ouvia, via-se. Só os olhos podiam "ouvir", "ouvir"
aquele raio de luz que era solto pela alma do dia.
Depois da noite, o dia! Não havia mais lugar para a noite, só o dia queria
reinar!
O dia queria iluminar não só o coração de tudo, mas mais alguma coisa ele
pretendia, pretendia a vitória da sua luz para criar no rosto da virtude um
sorriso, mas não um sorriso qualquer, o sorriso luminoso do sol que tira a lua
do firmamento e da escuridão. Que venha o dia!
Por fim, ganhou! Ganhou o dia, ganhou mais uma batalha. Daqui a um tempo vem a
noite, vem e luta pelo seu lugar, luta porque quer iluminar com uma suave brisa
o rosto de tudo e de nada.
Assim, a noite e o dia ficam unidos com um suave beijo que os une de uma ponta
à outra."
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