09/10/2015

Adeus


Ele deu passos firmes em direcção a porta, enquanto ela o olhava pelo canto do olho... Continuou a andar enquanto ela continuava sentada perto da lareira. O frio era uma desculpa para sentir o fogo na sua face rosada. Lá fora, as árvores despidas baloiçavam ao som da música que o vento tocava. Ele abriu a porta, suspirou e soltou um grunhido entre dentes:
- Adeus – disse, sem nunca olhar para trás.
Como resposta teve o silêncio.
Saiu, bateu a porta deixando para trás aquela mulher sentada no tapete de trapilho, que ela própria tinha feito meses antes. Foi e não olhou para trás. A mulher esperou calada... Esperou sempre, olhando-o pelo canto do olho, calada, no seu rosto as chamas espelhavam-se. O fogo estava baixo, mas bastava para que se sentisse confortável, protegida e quente.

Ele saiu, e ela deitou-se no chão. Não se controlou e ao estalar do bater da porta... chorou! Chorou como nunca antes tinha feito. Pela sua memória atravessavam "galopantemente" pequenas passagens de bons momentos...  Algumas já  enevoadas pelo tempo. Com um simpes "Adeus" tudo se transformava em passado. Pensamentos "revoltos", mas sem mágoa... Tudo o que conseguia ter eram sentimentos de amor... Amor e paz. Não se revoltou, estava serena... Enxaguou as lágrimas e levantou-se. Apagou o fogo, afinal não estava assim tanto frio... era  só uma desculpa para ter para onde olhar, para poder sentir calor na sua face.  Para... para poder sentir! Apagou o fogo e foi-se deitar. Ao sair da sala, antes de apagar a luz olhou para a porta da rua e entre dentes disse: "Adeus".

Sem comentários:

Enviar um comentário