07/01/2016

Quando as luzes se apagam

Quando as luzes se apagam…
Quando a maquilhagem é removida e as cortinas baixam tudo vira silêncio.
Tudo se transforma em realidade e o silêncio fere como uma faça afiada.
Quando as luzes se apagam, a lágrima cai e o pensamento volta para remexer em tudo de novo. 
Quando as luzes se apagam e se fecham as portas, o vento fica mais forte e a vontade de fugir também.
Quando as luzes se apagam e se tiram as vestes já sujas, os pés mostram as feridas do caminho e o peito o bater de um coração pequeno e frágil, só coberto e protegido por umas mãos calejadas.
Quando as luzes se apagam e só fica o cintilar da esperança…
Quando as luzes se apagam e se desliga a música...
Só sobram os ecos da correria do dia e os gritos presos na garganta.

Quando as luzes se apagam, és tu quem fica, és tu sem maquilhagem, nua, no silêncio da madrugada onde nem os cães já se ouvem, onde o brilho das estrelas é tapado pelas nuvens, onde a neblina não deixa ver o fim da rua...
Quando as luzes se apagam, fechas os olhos por não ter para onde olhar, tocas e cuidas do teu interior por estar ferido...
Quando as luzes se apagam e a música é desligada os teus ouvidos tapam...

Quando as luzes se pagam…

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